17. "Tempo de Espera"...
Incorporada nos festejos da Quinzena da Juventude (13 a 28 de Março de 2009) da Câmara Municipal de Almada, coincidência (ou não), no dia mundial do Teatro, tive o prazer de assistir à peça “Tempo de Espera”, pelo grupo de Dança Contemporânea de Almada (Associação GESTOS), uma coreografia da autoria de Lucinda Melo, também ela uma das intérpretes deste espectáculo. Uma peça diferente, onde o corpo humano assume um papel fulcral no desenrolar desta história, a dança na sua expressão máxima, pois todos os movimentos – quer corporais quer mentais – são explorados e praticados nas suas diversas variações. Esta é, talvez, o tipo de dança que melhor se aproxima do que é Ser e Fazer Teatro…
Mas o que é Ser e Fazer Teatro? Em homenagem a este dia, uma mensagem foi lida perante a plateia, uma expressão prendeu o meu pensamento: “Teatro é a verdade escondida.” E, posto isto, pôde dar-se início ao espectáculo.
Tendo por temática principal a questão da viuvez, esta peça resultou de um trabalho que veio a ser desenvolvido desde 2007.
Um sussurro musical, as cortinas abrem, e deparamo-nos com um palco envolto em poeira, um espaço fechado, rodeado de objectos antigos – mesas, quadros, cadeiras e candeeiros. Três viúvas, sentadas, esperando ora por um esvaziamento total daquilo que são, ora por um retorno à sua existência física e espiritual, tentando, instintivamente, libertarem-se daquilo que as apoquenta – a dor da solidão, a mágoa das memórias de outros tempos.
Uma a uma, três outras bailarinas surgem em palco, representado, cada uma delas, a imagem de cada uma das viúvas, fazendo-as reviver momentos que ora suscitam alegria, cor, esperança, contrastando com outros que as magoam, em que tocam nas feridas existentes ainda por sarar.
Para além de Lucinda Melo, também as bailarinas Catarina Camacho, Eva Madeira, Irina Pereira, Marta Carvalho e Sofia Matos dão corpo a estas personagens.
A acompanhar as coreografias, vão surgindo, ao longo da peça, pequenas projecções de filmes, que nos ajudam a melhor reflectir sobre sentimentos como a dor da perda, a mágoa, o desespero, em confronto com outros, como a necessidade de se sentir bonita, sensual, desejada. O ambiente sonoro é preenchido por músicas de Dead Can Dance, Steve Reich e Bernardo Sassetti (Unreal – Sidewalk Cartoon).
Cada vez mais, a dança contemporânea assume um papel central na nossa sociedade e na arte de dançar em geral, pois contrariamente ao que sucede em outras formas de dança, em que é transmitido ao bailarino a função de trabalhar e aperfeiçoar determinado gesto e movimento, agora é o bailarino que, face ao tema que lhe é apresentado, pode assimilar e criar as técnicas que melhor exprimam os sentimentos que ele quer interpretar. Vai-se desenvolvendo, assim, uma nova forma de dançar, fazendo teatro, interpretando a vida.
Susana Barão
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1 comentário:
Alô
Obrigado por leres o meu blog.
Vou começar a seguir o teu.
Beijinhos e trata do meu amigão .
Trica
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